Cuidador de Idoso

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O cuidador familiar da pessoa idosa


14/07/2017

Uma grande parte das pessoas de idade avançada goza de uma boa saúde que lhes permite viver de forma independente e realizar múltiplas atividades sem precisar de ajuda. No entanto, algumas necessitam de ajuda para atividades necessárias para a sua vida diária, que podem incluir desde uma pequena ajuda (acompanhamento num deslocamento) até um grau importante e contínuo de ajuda (por exemplo, na higiene pessoal). Talvez necessitem também de ajuda para que mantenham uma boa relação com seus semelhantes e com o mundo em que vivem. Em geral, quem vive até uma idade avançada pode acabar necessitando de ajuda de algum grau de outros membros da famí- lia, amigos ou vizinhos para os vários aspectos da sua vida diária.

Na maior parte dos casos, a família cuida com dedicação e afeto de seus familiares, atendendo assim a suas necessidades. A ajuda das famílias é, em princípio, a melhor que se pode oferecer aos idosos. Receber esta ajuda proporciona segurança a pessoas idosas.

Entretanto, aqueles que cuidam nem sempre estão preparados para realizar essas tarefas e lidar com as tensões e esforços decorrentes do cuidar. Cuidar implica muitas e variadas atividades. É difícil assinalar quais são exatamente essas tarefas, pois depende de cada família e de quem é cuidado. No quadro abaixo constam algumas das tarefas mais freqüentes

Tarefas habituais de um cuidador familiar

  • Ajuda nas atividades domésticas (cozinhar, lavar, limpar, passar ferro).
  • Assiste a pessoa idosa na sua locomoção fora de sua casa (acompanhar ao médico, ir à igreja, fazer um passeio).
  • Assiste a pessoa idosa a movimentar-se dentro de sua casa.
  • Ajuda na higiene e cuidados pessoais (pentear, tomar banho, etc.).
  • Ajuda na administração do dinheiro e bens.
  • Administra medicamentos.
  • Ajuda nos cuidados de enfermagem.
  • Procura proporcionar conforto e tranqüilizar a pessoa idosa em situa- ções de crise (por exemplo, quando fica agitado ou ansioso).
  • Ajuda na comunicação com os outros, quando existem dificuldades para expressar-se.
  • Faz pelo seu familiar pequenas tarefas da vida diária (por exemplo, leva-lhe um copo de água, acomoda-o em frente à televisão, etc.).

Porque cuidamos das pessoas idosas da nossa família?

É possível que você responda porque é minha obrigação. A maior parte das pessoas que cuidam de uma pessoa idosa (pai, mãe, marido, mulher) concorda que se trata de um dever moral e que existe uma responsabilidade social e familiar e normas sociais que devem ser respeitadas. Porém, não é esta a única razão que nos leva a cuidar da pessoa idosa. Outros motivos assinalados pelos cuidadores são:

  • motivação altruísta, ou seja, para manter o bem estar da pessoa idosa, com quem nos identificamos; • reciprocidade, já que fomos antes cuidados por ela; 
  • gratidão que recebemos daqueles que cuidamos;
  • sentimentos de culpa do passado; • evitar a censura da família, de amigos e de conhecidos, caso não cuidemos dos nossos familiares idosos.

Embora estes possam ser os motivos para que cuidemos dos nossos familiares idosos, o peso de um ou de outro influirá na qualidade, na quantidade e no tipo de ajuda que oferecemos.

1. Quem são os cuidadores familiares?

Na maior parte das famílias, um único membro assume a maior parte da responsabilidade do cuidado. Geralmente, as mulheres assumem essa responsabilidade: esposas, filhas, noras, irmãs. São geralmente pessoas entre 45 e 65 anos de idade. Outras características encontradas são as seguintes:

  • em cada família há um cuidador principal – normalmente a esposa, a filha, ou a nora que assume o encargo de cuidador, (ver o assunto O cuidador principal, e sua relação com os demais cuidadores);
  • no início, o cuidador pensa que seu encargo é temporário, mas acaba descobrindo que é para muito tempo e que a responsabilidade tende a aumentar;
  • os cuidadores, habitualmente mulheres, atendem também às necessidades do resto da família (cônjuge e filhos). Quando as exigências dessas pessoas são muito grandes, pode tornar-se difícil dar conta de todas as responsabilidades.

O parentesco ou a relação entre o cuidador e a pessoa cuidada também influencia a maneira como se vive e se aceita a situação de cuidar, conforme pode-se verificar nas situações descritas em seguida:

  • a esposa ou esposo como cuidador. Quando o marido tem problemas de saúde e necessita de ajuda para suas atividades da vida diária, geralmente o cuidador principal é a mulher. Em muitas famílias brasileiras, devido a fatores culturais, verifica-se que nem sempre o marido é capaz de ser o cuidador, quando a mulher necessita de ajuda;
  • As filhas e filhos como cuidadores. Quando os cuidadores são a filha ou o filho da pessoa cuidada, existe um vínculo natural entre ambos que pode favorecer a disposição para o cuidado. Na maioria dos casos, representa um forte impacto emocional dar-se conta de que o pai, a mãe ou ambos já não podem cuidar de si mesmos, quando até há pouco eram totalmente independentes. Além disso, os filhos geralmente sentem-se apanhados de surpresa e receiam que as novas responsabilidades possam prejudicar seus planos para o futuro.

2. Conseqüências de cuidar de uma pessoa idosa

Cuidar de uma pessoa idosa da família é, geralmente, uma experiência duradoura que exige uma reorganização da vida familiar, profissional e social. Quem assiste a familiares idosos costuma indicar que sua vida foi afetada de diversas maneiras desde que começou essa atividade. Vejamos quais são essas mudanças.

Relações familiares – uma das mudanças que os cuidadores manifestam claramente sobre a sua situação se refere às relações familiares. Devido ao desacordo entre a pessoa que cuida e os outros familiares, podem aparecer conflitos familiares sobre a atitude e o comportamento dos últimos em relação à pessoa idosa ou pela forma de se proporcionar os cuidados. Às vezes, o mal estar com outros membros da família é devido aos sentimentos do cuidador principal de que o resto da família não é capaz de apreciar o esforço que realiza. Outra mudança típica na família é a inversão de papéis, por exemplo, a filha se transforma na cuidadora da sua mãe, variando assim a direção habitual em que se produz o cuidado de pais e filhos. Esta mudança de papéis requer uma nova mentalidade quanto ao tipo de relação que existia anteriormente entre pais e filhos e exige do cuidador um esforço de adaptação. Esta mudança é mais intensa quando a pessoa cuidada sofre de demências em fase média ou adiantada.

Reações emocionais – Os cuidadores experimentam um grande número de emoções e sentimentos, alguns positivos como a satisfação por poder contribuir para o bem estar de uma pessoa querida. Outras são freqüentemente negativas, como a sensação de impotência, sentimentos de culpa, solidão, preocupação ou tristeza.

Conseqüências sobre a saúde – Os cuidadores percebem que uma situa- ção de cuidado prolongado afeta sua saúde. Estão cansados e têm a sensação de que sua saúde começou a piorar desde que começou a cuidar do familiar idoso.

Conseqüências sobre a vida profissional – Os cuidadores que trabalham fora de casa experimentam um conflito entre as tarefas de cuidador e as obrigações profissionais, sentindo que está falhando tanto no trabalho (faltas, perda de pontualidade), como no cuidado familiar. Não é raro ter de diminuir suas horas de trabalho ou abandonar o emprego. Freqüentemente, surgem dificuldades econômicas ou por receber menos devido à diminuição das horas de trabalho ou por ter mais gastos com o cuidado da pessoa idosa.

Diminuição de atividades de lazer – Os cuidadores informam que houve uma redução do tempo dedicado à vida social e de lazer e, como conseqüência, sentem-se isolados de seus amigos e do mundo que os cerca.

Concluindo, a quantidade de trabalho necessário para cuidar de uma pessoa idosa, a pressão psicológica e o esforço despendido para atender a todos esses problemas cotidianos é comum a todos os cuidadores. Por esse motivo, quem cuida de familiares idosos pode sofrer de problemas de saúde, psicológicos, (sentimentos de mal estar, depressão, sensação de sobrecarga) e sociais (relações familiares tensas, problemas profissionais). Conhecer quais são essas mudanças é muito útil para verificar até que ponto cuidar da pessoa idosa Manual do Cuidador da Pessoa Idosa | 63 está afetando a nossa vida e, assim, buscar algumas práticas para melhorar, na medida do possível, esta situação.

3. Como o cuidador é afetado

A situação de cuidar afeta cada cuidador de forma distinta, dependendo da enfermidade da pessoa que recebe os cuidados, a gravidade dessa enfermidade, a lucidez mental dela, assim como da saúde e da resistência do próprio cuidador. Aquelas pessoas, cuja saúde está mais deteriorada e são mais dependentes exigem uma carga maior de trabalho do cuidador. Mas, também, muitas outras circunstâncias que foram colocadas em destaque, no quadro seguinte, podem influenciar o bem-estar do cuidador. O bem-estar do cuidador depende de:

  • da saúde do cuidador;
  • da ajuda que recebe de outros familiares;
  • da ajuda que recebe da rede de apoio (atendimento domiciliário, centro-dia; unidades de saúde);
  • do apoio emocional, agradecimento e reconhecimento de outros familiares;
  • a informação que tem sobre como cuidar e resolver problemas do cuidado;
  • sua capacidade para atuar diante de comportamentos difíceis, aborrecimento ou passividade que pode manifestar a pessoa cuidada (agita- ção, mau-humor, inatividade, alucinações, insônia, depressão, etc.);
  • sua forma de enfrentar a situação de cuidado e superar situações difíceis.

Como vimos até o momento, são muitas as razões por que alguns cuidadores encontram-se mais satisfeitos do que outros. Neste momento, é possível que você tenha pensado sobre sua vida e tenha se comparado com outras pessoas que vivem a mesma situação. Além disso, pode ser que conheça um pouco mais como esta situação está atingindo sua vida e que existem circunstâncias que merecem ser mudadas para que a sua vida e dos seus familiares possa ser melhor


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