Demência
10/07/2017
O que é a Demência?
A demência em números
Com o aumento da longevidade, um maior número de pessoas chegam a idades avançadas e apesar da maioria desfrutar de um envelhecimento ativo , um número expressivo é acometido por doenças crônicas, entre elas, as demências. Atualmente 35 milhões de pessoas vivem com alguma demência e a expectativa é que esse número dobre até 2030 e em 2050 chegue a 115 milhões de pessoas.
Aproximadamente, 32% das pessoas com demência vive na região da América Latina e Caribe.
O que é a demência?
Demência é um declínio progressivo das funções cerebrais, como memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências, relação tempo e espaço, alterações emocionais e motivacionais e necessariamente interfere na rotina da pessoa que apresenta esses sintomas. Há mais de 100 formas de demência e a mais conhecida é o Alzheimer, que caracteriza aproximadamente 70% dos casos.
Os tipos de demência
Os principais tipos de demência são:
- Doença de Alzheimer;
- Demência vascular;
- Demência de corpos de Lewy;
- Demência na Doença de Parkinson;
- Demência frontotemporal;
- Demência no AVC/AVE;
- Outras demências.
Nestes tipos de demência a progressão é irreversível. No entanto, há outras formas de demência que podem ser tratadas. Quando esta ocorre devido a perturbações metabólicas, perturbações da glândula endócrina, traumatismo crânio-encefálico ou como resultado de uma reação adversa a um medicamento, pode ser curada ou estabilizada desde que se trate a causa do seu aparecimento.
Sinais e Sintomas
Os sintomas comportamentais mais comuns em pacientes com demência são:
- Deambulação – Hiperatividade;
- Agitação – Ansiedade;
- Comportamentos sociais inapropriados;
- Agressividade verbal ou física;
- Rejeição;
- Perturbações do sono;
- Disfunção sexual;
- Alterações no apetite.
Os sintomas psicológicos incluem:
- Delírios;
- Alucinações;
- Depressão;
- Euforia;
- Apatia/ indiferença;
- Ansiedade;
O sintomas comportamentais e psicológicos da demência incluem perturbações na perceção, no pensamento, no humor e no comportamento. Tanto a frequência como a gravidade destes sintomas, aumentam à medida que a doença evolui e estão presentes em todos os tipos de demência. 64% das pessoas que recorrem a um médico para obter um diagnóstico apresenta pelo menos um destes sintomas e 80% a 90% dos pacientes com demência verifica pelo menos um dos sintomas durante a progressão da doença. Qualquer um deles pode ocorrer durante as diferentes fases da doença e os pacientes podem não chegar a apresentar toda a sintomatologia.
Os sintomas psicológicos como a depressão e a apatia ocorrem normalmente nas fases iniciais, enquanto que os distúrbios comportamentais como a agressividade, a ansiedade e a desorientação são mais comuns na fase intermédia a final da doença.
A maioria dos sintomas alcança a sua intensidade máxima antes da fase final. Alguns deles, como a ansiedade, a agitação e a desorientação são mais persistentes e a sua presença está associada a uma progressão rápida e hospitalização precoce. Cuidar de um paciente que apresenta sintomas comportamentais e psicológicos de demência representa um encargo financeiro e tem consequências psicológicas que afetam negativamente a qualidade de vida do cuidador e do doente.
Tratamentos
Tratamento farmacológico
Até à data não existe nenhum tratamento que previna ou pare a doença. A medicação disponível trata os sintomas da doença, pode diminuir a sua progressão e melhora a qualidade de vida dos pacientes e cuidadores.
Intervenções não farmacológicas
Nos últimos anos, o interesse tem-se focado nas intervenções não farmacológicas para o tratamento da demência. Estas intervenções apoiam a eficácia dos tratamentos farmacológicos, adaptam-se às necessidades individuais e capacidades de cada paciente e não têm qualquer efeito adverso.
As intervenções não farmacológicas incluem:
- Treino da memória com o objetivo de exercitar as funções cognitivas;
- Terapia da fala com o objetivo de restabelecer a capacidade de compreensão e articulação do discurso;
- Terapia ocupacional;
- Fisioterapia;
- Exercício físico;
- Ludoterapia;
Gestão dos sintomas comportamentais e psicológicos
A gestão dos sintomas comportamentais e psicológicos da demência inclui intervenções farmacológicas e não farmacológicas.
É possível reduzir ou até mesmo eliminar alguns dos sintomas através de mudanças na rotina e de ambiente, sem ser necessário recorrer a medicação. Uma gestão eficaz requer uma boa capacidade de observação e avaliação da situação. Antes de optar por um tipo específico de intervenção, deve considerar outras razões possíveis para o aparecimento destes sintomas:
- Uma condição médica (infeção, desidratação, angina, prisão de ventre, etc.);
- Uma doença física (hipotiroidismo, deficiência de vitamina B12);
- Efeitos secundários da medicação ou da combinação de diferentes medicamentos;
- Necessidades básicas por satisfazer (fome, sede, descanso);
- Perturbações do humor (ansiedade, depressão, etc.);
- Alterações bruscas no ambiente e condições inapropriadas (contratação de um novo cuidador pago, carência ou excesso de estímulos, etc.).
Estas causas podem esconder-se atrás dos sintomas comportamentais e psicológicos e, nestas situações, caso se consiga uma intervenção eficaz, os sintomas podem ser eliminados.
Para obter uma opinião exata e detalhada, analise as seguintes situações:
- Quando começou a alteração comportamental?
- Em que momentos surge essa alteração?
- Qual a sua progressão?
- Quando é que os sintomas surgem com mais intensidade e de forma mais prolongada? Em que momentos têm uma menor intensidade?
- Quais são as condições antes, durante e depois destes comportamentos?
Uma vez determinado e explicado o comportamento, poderá elaborar um plano para gerir a situação e controlar as reações indesejadas, começando por alterar os fatores que as causaram.
Os pacientes com demência necessitam de uma abordagem personalizada à gestão e tratamento dos sintomas comportamentais e psicológicos, pois um método que se revele eficaz num determinado paciente pode ter consequências negativas para outro.